Superman, 10 histórias, 4ª: “What's só funny about Truth, Justice, & The American Way?”

Talvez a história mais importante da década de 2.000 do homem de aço, a história de Action Comics # 775 (março de 2001) já se transformou em uma animação (Superman contra a Elite) e iniciou um ciclo de questionamentos sobre os valores apresentados na indústria de quadrinhos.

Produzida por Joe Kelly (texto), Doug Mahnke e Lee Bermejo (lápis), a aventura mostra um grupo chamado de Elite, claramente inspirado no grupo Authority criado por Warren Ellis para a WildStorm, que defende a postura de impor sua visão de mundo com o uso da força e de destruição em massa – repetindo assim o tema do choque de gerações abordado também em O reino do amanhã de Mark Waid & Alex Ross.

Diante de uma sociedade que aceita bem o uso da força para eliminar aqueles que a incomodam, o Superman questiona-se sobre os limites auto-impostos, visto que esta “versão corrente” do personagem não admitia em nenhum momento a solução definitiva: a morte (algo provado em última instância quando em uma guerra ele não cede à tentação da solução “fácil” e não mata Imperiex).

A história é bem escrita e consegue lembrar os momentos em que os escritores não eram obrigados a seguirem uma cronologia pesada e limitadora. Todos os elementos necessários para entender a aventura estam ali e lê-la tendo em visto o momento geopolítico, em especial o contexto beligerante do governo George W Bush, torna-a apenas mais saborosa.

Com a chegada de um grupo que não age limitado por valores morais deveria o Superman se adaptar aos novos tempos, e entender assim que sua proposta de defesa do mundo estava ultrapassada? Deveria agir a qualquer custo com a premissa de que os fins justificam os meios?

Ao observar a população, uma massa de manobra nas mãos dos gigantes de telecomunicações e empresas de marketing que criam e influenciam opiniões, aceitar aquelas atitudes, o herói sente-se solitário como um último cowboy, defendendo valores que só ele acredita. É inevitável que haja um choque entre ele e o grupo e parte da aventura narra este confronto.

Uma história especialmente atual nestes momentos de revoluções por minuto em que se crê que o uso da força se justifica.




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